547 – Abominável Criatura (1988)

2013-11-09-the-unnamable

The Unnamable

1988 / EUA / 87 min / Direção: Jean-Paul Ouellette / Roteiro: Jean-Paul Ouellette (baseado no conto de H.P. Lovecraft) / Produção: Jean-Paul Ouellette, Dean Ramser; Michael Haley (Produtor Associado); Paul White (Produtor Executivo) / Elenco: Charles Klausmeyer, Mark Kinsey Stephenson, Alexandra Durrell, Laura Albert, Eben Ham, Blane Wheatley

 

Em um único parágrafo eu irei atestar a “qualidade” de Abominável Criatura: Baseado em um conto de H.P. Lovecraft, com o roteiro escrito em sete dias, filmado em três semanas, orçamento estimado de 350 mil dólares e um dos clássicos do Cine Trash da Band.

O diretor, roteirista e produtor Jean-Paul Ouellette bem que tentou, e o amor pela obra do escritor é visível, mas cá entre nós, era impossível que o filme fosse bom. Primeiro por sabermos a dificuldade que é transpor a obra de Lovecraft para as telas sem cair no ridículo. Segundo que com esse tempo de produção, um orçamento merreca e uma cara de filme Z ao melhor estilo Empire Pictures, a trasheira iria imperar e sabemos muito bem o que acontece nesses casos.

Baseado no conto “O Inominável”, para o fã de Lovecraft, muitas referências bacanas estão todinhas ali: um dos personagens principais é Randolph Carter; a história se passa no condado de Arkham, em Massachussets, aos redores da famosa Universidade Miskatonic; também está presente o Necronomicon, livro proibido escrito pelo árabe louco Abdul Alhazred, e por aí vai.

Randolph lê Necronomicon
Randolph lê Necronomicon

A trama começa no século XVIII, quando a esposa do feiticeiro Joshua Wintrhop (Delbert Spain) deu a luz a uma criatura, hã, inominável, a qual ele mantém trancada no porão. Em uma fatídica noite, o sujeito é morto pelo monstro, mas antes conjura um feitiço arcano que acaba aprisionado na casa pelos próximo duzentos anos.

Na década de 80, a casa de Wintrhop virou uma espécie de lenda urbana. Randolph Carter (o péssimo Mark Kinsey Stephenson), um estudioso do místico, conta a história sobre a presença da ~ abominável criatura ~ para os jovens calouros Howard (Charles Klausmeyer, usando a alcunha de Charles King) e Joel (Mark Parra). Este último propõe passar uma noite no casebre para ver se os rumores são verdadeiros e claro que já sabemos o que acontece.

No dia seguinte, enquanto Howard se preocupa com o sumiço do amigo e Carter não dá a mínima, as calouras Tanya (Alexandra Durrell) e Wendy (Laura Barnes) querem se enturmar, e por isso, aceitam o desafio do coxinhas veteranos Bruce (Eben Ham) e Blane (John Babcock) de também passar uma noite na casa, para já saberem as artimanhas para burlar os vindouros testes de iniciação da fraternidade. Um a um eles vão sendo caçados pela ~ abominável criatura ~ até que Carter descobre o malfadado Necronomicon e será o único capaze de deter a aberração descobrindo a conjuração de Winthrop.

Alguém aí perdeu a cabeça?
Alguém aí perdeu a cabeça?

Bom, a história é simples e tudo vai se arrastando de forma modorrenta com os universitários querendo faturar as garotas, cenas de sustinho como se a casa fosse uma mansão interminável e atuações sofríveis. Já as mortes são extremamente gráficas e sangrentas. O inominável adora arranhar os pobres coitados com suas garras e arrancar suas vísceras, decapitar e estourar a cabeça contra o assoalho, e por aí vai. Sangue não foi economizado e o gore come solto. Mas, o problema é quando a criatura aparece. Aí não tem um argumento para se defender a fita.

Durante boa parte do filme, até seu terceiro ato, Ouellette faz às vezes de um Spielberg não mostrando o monstro, apenas partes de seu corpo, como garras em uma mão peluda e vez ou outra uma perna cabeluda branca com um CASCO DE BODE! Mas quando realmente vemos o bicho em seu esplendor, é uma explosão de risada, dando lugar aos melhores momentos de um Charles Band ou Roger Corman juntos. Na verdade o vilão é uma ~ abominável criatura ~ do sexo feminino (vivida por Katryn Alexander), com corpo de bode, rosto demoníaco, rabo, chifres, cascos e tudo mais. Uma espécie de tinhoso albino. Mas o pior de tudo é o macacão collant que ela usa para, hã, emular a pele branca. É deliciosamente tosco!

Não é a toa que Abominável Criatura é um dos mais queridos da saudosa sessão vespertina de bagaceiras da Rede Bandeirantes. O filme é trash até a medula, tem uma qualidade miserável, ruim para dar com pau e é um representante suprassumo das porcarias adoráveis feitas no gênero durante aqueles prolíficos anos 80. E a porcaria é tamanha que até rendeu uma sequência lançada quatro anos depois.

Garota do Fantástico 88
Garota do Fantástico 88

Serviço de utilidade pública:

O DVD de Abominável Criatura não foi lançado no Brasil.

Download: Torrent + legenda aqui.

 

7 comentários Adicione o seu

  1. reneesalomao disse:

    ADOREI….. Saudades da minha infância. … Assisti a esse filme criancinha uns 6 anos…. naquelas tardes da band em que o Zé do caixão apresentava aqueles filmes de terror…. hahahahhahaaha Saudades de tudo isso…. obrigada 101 Horror Movies.

  2. Papa Emeritus disse:

    Eu sabia que você iria colocar esse filme na lista. Das tranqueiras Bs feitas nos anos 80 essa é uma das minhas favoritas (hahahahaha). Eu devo ser doente de gostar desses filmes, mas alguns (como no caso de “A Abominável Criatura”) são divertidos de ver pela tosquice. A propósito, eu também gosto da sequência que tem a gostosona da Maria Ford (punheteiros de plantão vão se lembrar dela do Cine Prive) e a Julie Strain fazendo a criatura.

    1. Hahahahahaha.. Guilty pleasure gostar disso aí, Papa!

  3. fabricio fontenelle do nascimento disse:

    eu assistia todos os filmes do cine trash bons tempos aqueles

  4. Junnyperos disse:

    Simplesmente demais. Esses filmes eram o terror e a alegria da tarde! Que bons tempos…Nos divertíamos muito, e eu ainda ria quando meu irmão ficava com medo, se imaginando na pele dos personagens!!!!

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